Crónicas de Maputo

Pequenas páginas de um extenso álbum de memórias gravado durante um ano de intensas experiências vividas enquanto trabalhei em Moçambique no ano lectivo de 2004/2005.

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Localização: Fundão, Cova da Beira, Portugal

quarta-feira, outubro 27, 2004

O Mercado do Pau

Todos os sábados a zona da baixa da cidade de Maputo, mesmo junto à antiga Fortaleza, vive um momento especial. Aqui confluem grande parte das dezenas de vendedores de artesanato que durante a semana assentam arrais em algumas esquinas ou junto dos principais hoteis. Embora seja pensado principalmente para turistas (e eles estão presentes em número significativo), é vulgar encontrar moçambicanos a deambular pelo mercado do pau – quer seja para consumo próprio, quer seja para revender, este é sem dúvida o melhor sítio da cidade para comprar todo o tipo de artesanato. Embora as estátuas em madeira ainda ocupem um lugar de destaque (daí o nome dado pelo povo ao mercado), as pinturas em tecido (batik), colares e pulseiras de contas bem como trabalhos em pedra podem aqui ser adquiridos a melhores preços do que no resto da cidade ao longo da semana (embora sempre mais caro do que fora da cidade de Maputo, ao que consta).



Este é um dos sítios por onde gosto de deambular no início de cada fim-de-semana. Como já tinha ouvido falar neste mercado antes de chegar a Maputo, foi um dos meus primeiros destinos e rapidamente se tornou um hábito, mesmo que na maior parte das vezes acabe por não adquirir nada. Após tomar o sacramental café e pastel de nata no Continental (os melhores da cidade) enquanto passo os olhos pelo jornal, não prescindo de um pequeno passeio pelo mercado que fica mesmo em frente; é bastante agradável deambular por entre as bancas improvisadas no chão e aproveitando os ramos das árvores, interiorizando todas as cores e cheiros e ouvindo as constantes solicitações de quem vende.



Os preços praticados são, como em todo o lado nesta cidade, passíveis de serem negociados – e a arte de regatear é aqui muito importante, pois se se discutirem os preços em alta voz, é forte a probabilidade de o vendedor da banca do lado se meter ao barulho e propor um negócio igual ou ainda mais vantajoso que a nossa oferta (esta é uma arte que confesso, ainda não domino... ao comparar os valores com os de qualquer compra na Europa, é tudo tão barato que me custa estar a pedir menos: mas são as regras do jogo e também não faz sentido estar a perverter uma lógica que sozinho serei incapaz de mudar – aos poucos vou aprendendo e já faço hoje negócios muito mais vantajosos do que no início).

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Tens de fazer o choradinho..... começa por oferecer 1/4 do que pedem inicialmente....

Mantem o ritmo das cronicas...

JSnows

9:09 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Caro João Nogueira,

Nasci em Lço. Marques, hoje Maputo, e gostei muito de ler as suas crónicas, pela sensibilidade e pelo esforço que fez por compreender as gentes do país. Merecem fazer parte de um livro com fotografias.

Obrigado.

8:42 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Joao, Sou Portuguesa estou no Brasil há 31 anos depois da minha saida de Moçambique, a um mes do meu regresso, ler tuas cronicas foi deveras gratificante. Um abraço...parabens !

2:16 da tarde  
Blogger nhocas said...

Caro João Nogueira,acredita em mim.. pois minha afirmação é mesmo verdadeiramente verdadeira assim como eu sou verdadeiramente verdadeiro Moçambicano nascido em lournço Marques a 24 de julho de 1959 no hospital S. José de lhanguene! na missão de s. josé...Tú estás verdadeiramente e espiritualmente mutado,Já não és verdadeiramente Português mas sim verdadeiramete Moçambiquês porque os bons ares e os bons espiritos de moçambique estão contigo Parabéns pelas tua memórias descritivas de corpo e alma...bem haja!!

3:02 da manhã  

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