Crónicas de Maputo

Pequenas páginas de um extenso álbum de memórias gravado durante um ano de intensas experiências vividas enquanto trabalhei em Moçambique no ano lectivo de 2004/2005.

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Localização: Fundão, Cova da Beira, Portugal

quarta-feira, abril 27, 2005

Kruger Park

Quando pensamos ou ouvimos falar em África, uma das primeiras imagens que nos surge é a da Savana repleta de animais selvagens sob um sol escaldante - o imaginário ocidental (muito marcado provavelmente por décadas de filmes e séries televisivas sobre a África Selvagem) não se consegue desligar desta imagem e uma das coisas que muita gente procura quando chega a este continente é sem dúvida a visão da 'bicharada' à solta no seu habitat natural.

Gerações de criminosos caçadores quase destruiram este riquíssimo património que só num passado recente começou a ser protegido. Um das exemplos paradigmáticos dessa protecção é o já secular Parque Nacional Kruger na província de Malelane (África do Sul). A uns escassos 90Km da cidade de Maputo este parque, cujo nome imortaliza a visionária e meritória atitude de Paul Kruger que no final do Século XIX surpreendeu tudo e todos ao proibir a caça na sua vastíssima propriedade (embrião do actual parque) procurando assim proteger a fauna ali existente, proporciona a quem o visita a possibilidade de contactar directamente com essa 'África Selvagem' dado não existir qualquer tipo de intervenção humana dentro do seu espaço. Os animais estão em liberdade absoluta, errando livremente pelos dois milhões de hectares de terreno que permanece virgem (à excepção das estradas de terra batida e de pequenos acampamentos para descanso e apoio aos mais de 750000 visitantes que o parque recebe anualmente).


Passear pelo Kruger é completamente diferente de visitar um zoo. Primeiro os animais estão em liberdade em vez de confinados a um exíguo espaço fechado e, consequentemente, têm uma atitude e vitalidade completamente diferentes das observadas nos jardins zoológicos. Em segundo lugar, o número de espécies presentes é assombrosa (bem como a quantidade de elementos de cada espécie). E em terceiro lugar (para mim o factor fundamental) a permanente expectativa de um bom avistamento faz com que cada momento seja vivido intensamente e com uma constante adrenalina a percorrer-nos o corpo até ao instante em que toda a emoção transborda quando ficamos face a face com um (ou mais) animais... É indiscritível estar a escassos metros de um gigantesco elefante africano ou de uma imprevisível manada de búfalos.


Todas as atenções dos turistas estão concentradas na busca dos 'Big Five' (Elefante, Rinoceronte, Búfalo, Leopardo e Leão) e cada avistamento é como que um prémio à paciência e persistência dos visitantes (embora a sorte seja também uma variável de muito peso nesta equação). Infelizmente, apesar de já ter visitado várias vezes o Kruger Park ainda não tive a oportunidade de observar um único Leão - ou seja apenas posso incluir quatro dos 'Cinco Grandes' no meu album de fotos... porém, para além destes são constantes os avistamentos de outros animais, desde zebras, girafas, kudus e macacos, centenas de espécies de aves e gigantescas manadas de impalas que saltitam por todo o parque (aliás é fácil descobrir um visitante 'caloiro' no Kruger - passados 5 minutos solta um grito de alegria "Olha uma Impala!" e fica surpreendido quando toda a gente se ri... pouco tempo depois compreende que
apesar de muito belas, as impalas acabam por fartar dado atravessarem-se milhares à nossa frente durante um dia de visita).

Em jeito de conclusão, poder-se-á dizer que este é um destino perfeito para todos os amantes da natureza ou para quem quer (re)descobrir os passageiros da Arca de Noé desta vez em liberdade e em total harmonia com o meio.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Muito obrigada.

Gostei tanto de rever...
Kruger park... ficava perto da fronteira onde vivi, nestes anos todos, vivia ainda na dúvida, se eram ilusões da mente de uma criança, com o seu fantástico mundo imaginário...

afinal... é verdade.
LINDO! AMEI O DEPOIMENTO!
karla Freitas Branco

1:31 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

olá joao,
parabens por tao belo trabalho.A paixão com que descreve o que viu e sentiu em africa faz de si um de nós pois ficará com ela entranhada em si em todos os seus sentidos para toda a vida. Sou africana, filha de portuguses. Nasci em Angola onde vivi até aos 11 anos.De lá imagine onde fui parar por causa da guerra? Ao Fundao, onde fiquei até aos 14 anos.Aa minha mae é de Louriçal do campo e tudo aí perto eu conheço. Hoje vivo no Brasil. Não é tão deslumbrante e envolvente como Africa, mas é um bom sustituto pra se poder viver tranquilo com os filhos. hoje a fazer uma busca de imagens de africa vim parar ao seu blog e adorei. Deveria continuar. se puder e pelo saudisismo que tão bem definiu, vá dando noticias da terra Lusa. Felicidades.

9:41 da manhã  

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