Crónicas de Maputo

Pequenas páginas de um extenso álbum de memórias gravado durante um ano de intensas experiências vividas enquanto trabalhei em Moçambique no ano lectivo de 2004/2005.

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Localização: Fundão, Cova da Beira, Portugal

quinta-feira, julho 28, 2005

Até Sempre Maputo!

O tempo é uma noção muito curiosa: apesar de ter sido convencionada pelo homem a sua divisão em pequenas fracções todas iguais, na realidade todos nós temos diariamente a sugestão que essas fracções não são assim tão iguais e alguma demoram muito mais a passar do que outras… Se tal é notório no nosso quotidiano, mais evidente se torna quando retrospectivamos o nosso passado recente e nos damos conta da velocidade em que o vivemos ou, a maioria das vezes, da velocidade a que este passou por nós.

Completa que está esta minha presença em Moçambique (regresso esta semana a Portugal) reflito com espanto sobre o ritmo alucinante a que estes doze meses decorreram; houve momentos em que parecia que faltava ainda uma eternidade para as férias de Verão - que ainda teria oportunidade de ver, experimentar, sentir, tanta coisa que acabei por não fazer - agora que olho para trás, apesar de ter recheado o meu baú de memórias com uma miríade de visões, cheiros e emoções que jamais esquecerei, concluo que tudo passou num instante, como se apenas uma daquelas pequenas fracções tivesse decorrido – “Parece que foi ontem que cheguei!...” (frase cliché que se repete gratuitamente nestas situações, mas não deixa de ser uma realidade)

Nestes últimos dias sinto uma necessidade extrema de expremer todas as fracções temporais de forma a aproveitar ao máximo os derradeiros momentos desta aventura… percorro as ruas da cidade de Maputo com um sorriso cúmplice recordando tudo aquilo que aqui vivi; fito demoradamente alguns locais numa vã tentativa de que algumas imagens possam ficar gravadas na minha memória como se de uma película fotográfica se tratasse… tenho muita vontade de regressar ao meu país e estou ansioso por voltar a abraçar todos aqueles que amo e que me aguardam em Portugal (a saudade do emigrante é algo de indescritível) mas ah, como gostaria de poder levar comigo parte deste outro mundo em que tive o privilégio de mergulhar.

Na primeira crónica que escrevi, poucos dias depois de aterrar em Maputo, falei no feitiço de África e da forma como este continente nos prende; na altura era mais uma sensação… hoje é uma certeza. Terei possivelmente várias oportunidades de voltar a África ao longo da minha vida, nem que seja numa fugaz visita turística, mas mesmo que tal nunca venha a acontecer uma certeza eu tenho: África nunca deixará de me acompanhar…


Até sempre Maputo, Kanimambo Moçambique!